Os auxílios-doença concedidos por transtornos de ansiedade consolidaram-se pelo quarto ano consecutivo como a principal causa de afastamentos no Brasil.
Os auxílios-doença concedidos por transtornos de ansiedade atingiram o maior número em dez anos, consolidando-se pelo quarto ano consecutivo como a principal causa de afastamentos no Brasil, segundo o Ministério da Previdência Social.
Em seguida, aparecem os afastamentos por depressão, que também registraram um aumento expressivo.
Em relação ao ano passado, os casos de auxílio-doença por ansiedade cresceram 76%, enquanto os concedidos por depressão aumentaram 69%. No total, a concessão de benefícios por incapacidade temporária pelo INSS registrou alta de quase 40%.
Ranking dos transtornos mentais e comportamentais que mais geraram auxílio-doença
O Ministério da Previdência Social elaborou um ranking dos dez transtornos mentais e comportamentais que mais resultaram na concessão de auxílios-doença em 2024:
- Outros transtornos ansiosos – 141.414 concessões
- Episódios depressivos – 113.604 concessões
- Transtorno depressivo recorrente – 52.627 concessões
- Transtorno afetivo bipolar – 51.314 concessões
- Transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de múltiplas drogas e outras substâncias psicoativas – 21.498 concessões
- Reações ao estresse grave e transtornos de adaptação – 20.873 concessões
- Esquizofrenia – 14.778 concessões
- Transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de álcool – 11.470 concessões
- Transtornos mentais e comportamentais devido ao uso da cocaína – 6.873 concessões
- Transtornos específicos da personalidade – 5.982 concessões
Ao todo, esses transtornos resultaram em quase meio milhão de auxílios concedidos, um aumento de aproximadamente 67% em relação ao ano passado. O número também é o maior registrado na última década.
O que explica o aumento dos afastamentos?
A advogada trabalhista Priscila Arraes, para a Folha de S. Paulo, aponta que o crescimento da concessão de benefícios reflete o aumento dos casos de adoecimento mental na população. “As pessoas passaram a pandemia no modo sobrevivência, esperando que tudo voltasse ao normal, mas isso não aconteceu. Hoje temos o home office e o luto por parentes perdidos, o que impacta diretamente na saúde mental”, afirma.
A especialista também destaca a precarização das relações de trabalho como um dos fatores que contribuem para esse cenário. “Desde 2017, há um risco crescente de demissões e substituição de trabalhadores por autônomos. Equipes menores têm que dar conta do mesmo volume de tarefas, gerando maior carga de estresse”, explica.
Como solicitar o auxílio-doença do INSS?
Para requerer o benefício, é necessário apresentar um documento médico, como laudo, relatório ou atestado, contendo:
- Nome completo do paciente;
- Data de emissão;
- Informações sobre a doença;
- Período estimado de afastamento;
- Assinatura e carimbo do profissional de saúde.
O pedido pode ser feito pelo site Meu INSS, seguindo os passos abaixo:
- Acesse meu.inss.gov.br;
- Clique em “Entrar com gov.br” e informe CPF e senha ou crie um cadastro;
- Autorize o uso de dados pessoais;
- Acesse “Benefício por Incapacidade”;
- Clique em “Pedir Novo Benefício por Incapacidade”;
- Siga as instruções e acompanhe o pedido.
O aumento expressivo dos afastamentos por transtornos mentais reforça a necessidade de medidas para prevenção e tratamento dessas condições, além de um olhar mais atento para a saúde mental no ambiente de trabalho.
As informações são da Folha de S. Paulo.
Fonte: Auxílio-doença por ansiedade cresce 76% e bate recorde no INSS